Em uma tela com visor e chamada de espera, Christopher olhava imagens que o deixavam incomodado. Não importava o lugar onde estava ou o que estava fazendo, ele se deparava com alguma coisa que o fizesse se sentir frustrado. As vozes em sua mente nunca paravam. Principalmente quando estava envolvido em algum de seus comportamentos de auto sabotagem que sem perceber perdia à viagem, os dias e o tempo permaneciam iguais sem sinal algum de resultados diferentes que o faziam sair da frente e ir para trás.
Em uma noite não muito longe de sua casa Christopher se deparou com um garoto sentado na calçada com papéis de embrulho. O garoto mexia os papéis que se misturavam entre mãos e dedos sem nenhuma vocação, habilidade e conhecimento, parecia mais uma brincadeira. Se não fosse a expressão calma no rosto do garoto talvez Christopher achasse que era mesmo a brincadeira e não pararia para falar com aquele garoto.
Ao se aproximar, Christopher com o ar de superioridade de todo adulto ao abordar uma criança, falou: - ei garoto, vai virar profissional no embrulho? O garoto olhou Christopher nos olhos e seriamente respondeu: - SIM. Não sei você, mas não saber como fazer e depender de alguém para fazer é tão frustrante quanto ver alguém fazendo e não conseguir fazer. O garoto deveria ter no máximo dez anos, então ao ouvir aquilo Christopher achou um pouco estranho e seguiu andando.
Ao lembrar daquelas palavras que saíram de uma boca de pouca experiência de vida, falta de tamanho e atenção voltada à tarefa que estava sendo executada, Christopher nem fazia ideia de qual era, ele mais uma vez lembrou de suas frustrações, ações, execuções e tiros no pé que mereciam borrões. Mas desta vez começou a ligar tudo que tinha acontecido em sua vida até aquele momento que sempre fazia ele lembrar de suas responsabilidades mal executadas e o faziam manter sua autocrítica intacta todos os dias.
E então finalmente entendeu que a consciência é mais que um estado de verdades lúcidas, ela também chega até nossas vidas de várias cores, formas, tamanhos e situações. Ela conversa com nossa mente e coração se passando por uma quantidade diária e absurda de resoluções, soluções e explicações em forma de desafios e contravenções. Christopher colocou a mão no bolso esquerdo de sua calça onde de costume guardava seu celular.
Abriu o bloco de notas do aparelho para anotar o que tinha acabado de descobrir, mas seus dedos não conseguiam digitar, não conseguia mover seus dedos. Começou a entrar em pânico sem entender o que estava acontecendo. No calor do desespero, abriu seus olhos e observou mais uma descoberta: à consciência também nos visita nos sonhos.
Raphael Moura
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